Elza Biancardini: a cozinheira do Papa - Por Neila Barreto
Dona Elza preparou almoços e coquetéis na Residência dos Governadores para os Presidentes da República como João Figueiredo, Geisel, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso...
“Das montanhas da Síria e do Líbano eles desceram com seu agudo perfil, sua capacidade de trabalho e de sonho, sua ânsia de viver, suas ásperas coragens. Atravessaram o oceano e desembarcaram no Brasil. No dia seguinte todos eles eram brasileiros (...)”.
Dona Elza não era descendentes de sírios e libaneses, mas sim de italianos. Da mesma forma que os sírios, seus pais Antônio Fortunato e Maria Bonaventura Fortunato, imigrantes italianos oriundos de Cosenza, Calábria, chegaram ao Brasil pelo Porto de Santos nos primeiros anos do século XX.
Depois Antônio resolveu vir para Mato Grosso a convite de seus dois irmãos, Vicente e Anunzziato Fortunato, que já estavam instalados em Cuiabá, em busca de trabalho e de sonhos, com ânsia de viver e como escudo, sua dócil coragem.
Em Cuiabá venderam guaraná ralado Maués, muito popular na época. À moda mascate foi para Alto Paraguai trabalhar como comerciante.
A autora Neila Barreto com Elza Biancardini nos corredores do antigo Mercado do Peixe, onde funciona o restaurante que fundou: o Regionalíssimo.
Fixou residência na Travessa da Justiça, hoje Travessa Desembargador Ferreira Mendes, no belo Campo d'Ourique, em uma casa que se destacava das demais porque se percebia que ali morava uma família estrangeira, com certeza.
Na frente da casa, uma imensa horta onde Dona Maria cultivava alface, tomate, couve-flor, couve, salsinha, cebolinha, repolho, berinjela, pimentão e as vendia, sobretudo, para os fregueses turcos que tinham o hábito de comer verdura. Havia, também, muitas flores e um roseiral com rosas de todas as cores.
No quintal, uma imensa parreira de uva verde, muito raro na cidade. Laranja, pitomba, goiaba pera, mamão e carambola completavam o cultivo, um quintal cuiabano de cheiro e sabores. Pássaros não faltava lá.
Aí nesse lugar nasceu Elza Emília Fortunato Biancardini a 03 de outubro de 1928. Mulher simples vinda de uma infância pobre, mas muito feliz. Na companhia dos irmãos Carmelita - a mais velha que faleceu jovem de uma doença cardíaca -, dos gêmeos Fioravante e Leopoldo - já falecido - e o caçula José (Zelito).