Maria Ponce de Arruda Muller
O amor à educação é a mais importante lição ensinada pela professora Maria de Arruda Müller. Dedicou 76 anos da sua vida aos estudantes cuiabanos. Só deixou as salas de aulas aos 96 anos, com problemas de saúde...
Maria Ponce de Arruda Muller nasceu em Cuiabá-MT no dia 09 de dezembro de 1898. Foi professora normalista, tendo exercido a sua profissão como professora primária em Cuiabá e Poconé, professora secundária na Escola Normal Pedro Celestino, auxiliar de Diretoria, depois Diretora do Grupo Escolar Senador Azeredo, em Cuiabá.
O amor à educação é a mais importante lição ensinada pela professora Maria de Arruda Müller. Dedicou 76 anos da sua vida aos estudantes cuiabanos. Só deixou as salas de aulas aos 96 anos, com problemas de saúde.
A escritora, professora e poetisa, aos cinco anos já estava alfabetizada. É descendente da família Arruda, uma das mais tradicionais da cidade de Cuiabá. Filha do coronel João Pedro de Arruda e Adelina Ponce de Arruda, nascida em 26/01/1878 e falecida a 05/06/1962, neta de Generoso Ponce de Arruda, um dos políticos mais atuantes no século XIX, no estado de Mato Grosso. Tem o seu retrato inaugurado na galeria da saudade, organizado por Eunice Weaver, na sede da Federação no Rio de Janeiro, por ter fundado a Sociedade dos Lázaros, em Cuiabá.
Maria Muller, em abril de 1919, casou-se com o primeiro interventor do Estado de Mato Grosso, Júlio Strubing Müller, filho do coronel Julio Frederico Muller e de Rita Corrêa Muller. Foi esposa, mãe, avó e bisavó; teve sete filhos: Elen Maria, Augusto Frederico, Hugo Filinto, Helena Julia, Adelina Rita, Terezinha, Julio Frederico Neto, 23 netos e mais de 57 bisnetos e 5 tataranetos.
Maria foi inovadora como ativista cultural. Fundou em 1919 a primeira revista feminista mato-grossense, A Violeta, que circulou na primeira metade do século XX. Assinava a publicação com os pseudônimos de Mary, Chloé, Vampira, Consuelo, Sara, Lucrécia, Ofélia e Vespertina. Foi comprometida com o social. Fundou o Abrigo Bom Jesus de Cuiabá (dos Velhos) e o das Crianças, em primeiro de fevereiro de 1.940.
Maria Ponce de Arruda Müller (Maria Müller) na década de 1930 foi a segunda mulher a integrar os quadros acadêmicos ocupando a cátedra nº 7, patrocinada pelo Cônego José da Silva Guimarães. A acadêmica centenária deixou uma preciosa contribuição intelectual para Mato Grosso.
Em 1942, revelando seu lado de ativista feminina, fundou a Sociedade de Proteção à Maternidade e Infância de Cuiabá. Presidiu a LBA – Legião Brasileira de Assistência durante a segunda Guerra Mundial, inclusive, providenciando cuidados para com as famílias dos soldados, fundou os Abrigos dos Velhos e das Crianças em Cuiabá, dos quais é Presidente perpétua por força dos estatutos.
Como escritora, publicou em 1972 o livro 'Família Arruda'. Anos depois, em parceria com a amiga, musicista e poetisa Dunga Rodrigues, escreveu "Cuiabá ao longo de 100 anos". Outra obra de sucesso foi lançada em comemoração ao centenário de Maria de Arruda Müller. No ano de 1998 ela publicou "Sons Longínquos", uma coletânea de poemas da professora. Os livros e revistas de autoria de Maria Müller a levaram a romper preconceitos.
Sua atuação rendeu-lhe outra importante homenagem: um dos colégios mais tradicionais de Cuiabá, o Colégio Estadual de Mato Grosso, depois Liceu Cuiabano, foi rebatizado como Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Müller”. A professora não está mais entre nós. Faleceu no dia 4 de dezembro de 2003, vítima de um infarto, em um hospital da capital.
No último ano de vida, ela recebeu a maior homenagem da sua história. Por ter sido a professora mais antiga do Brasil, o Ministério da Educação entregou-lhe, em 2002, como prêmio a comenda de Ordem Nacional do Mérito Educativo, grau de Grande Oficial. Essa comenda prestigia personalidades que prestaram serviços excepcionais à educação.
(*) NEILA BARRETO SOUZA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História e escreve às sextas-feiras para HiperNotícias.
E-mail: neila.barreto@hotmail.com